“Todo grande escritor é um mistério, ainda que apenas porque algum aspecto de seu talento permanece para sempre inefável, inexplicável e assombroso. A simples população da imaginação de Dickens, a arquitetura fantástica que Proust constrói a partir de momentos minuciosamente examinados. Perguntamos a nós mesmos: como pôde alguém fazer isso? E, é claro, diferentes qualidades da obra assombrarão diferentes pessoas. Para mim, o mistério de Tchekhov é antes de mais nada de conhecimento: como pode ele saber tanto? Ele sabe tudo que nos orgulhamos de ter aprendido, e muito mais. “Festa do santo dia”, uma história sobre uma mulher grávida, é cheia de observações sobre a gravidez que eu pensava serem segredos que só grávidas conheciam” (p. 239 e 240).
Francine Prose. Para ler como um escritor: um guia para quem gosta de livros e para quem quer escrevê-los. Tradução Maria Luisa X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
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